quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Auto da Barca do Inferno"


O texto Auto da Barca do Inferno foi representado, pela primeira vez, em 1517, na câmara da rainha D. Leonor, a qual se encontrava doente.


As personagens do Auto da Barca do Inferno são: o Anjo (arrais do Céu), Diabo, (arrais do Inferno), Companheiro do Diabo, Quatro Cavaleiros, Enforcado, Procurador, Corregedor, Judeu, Brízida Vaz (alcoviteira), Frade, Sapateiro, Parvo, Onzeneiro e Fidalgo.

O Anjo e o Diabo são personagens alegóricas. As restantes personagens personificam classes sociais e comportamentos típicos, sendo, por isso, consideradas “personagens-tipo”.


Argumento do Auto


O auto representa o julgamento das almas humanas na hora da morte.

No porto estão dois arrais, um conduz à Barca da Glória e outro à Barca do Inferno, por onde vão passar diversas almas que terão de enfrentar uma espécie de tribunal, defender-se e enfrentar os argumentos do Anjo e do Diabo que surgem como advogados de acusação.

Gil Vicente critica os vícios das diversas ordens sociais e denuncia os vícios da sociedade. Assim, a grande maioria das almas são condenadas ao Inferno. Joane fica no cais junto à Barca do Anjo, porque não é responsável pelos seus actos, fica, então, à espera que surja mais alguém que possa ter o mesmo destino. O Judeu vai a reboque da barca porque, não se identificando com a religião católica, não tenta embarcar na Barca da Glória e é recusado pelo Diabo.

Apenas os Quatro Cavaleiros vão embarcar directamente na Barca da Glória, porque se entregaram em vida aos ideais do Cristianismo na luta contra os mouros. Ao definir este percurso para cada uma das almas, Gil Vicente tinha por certo o objectivo de fazer desta obra alegórica um auto de moralidade, através do qual o Bem fosse compensado e o Mal castigado.

Sem comentários: